segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Eu não te julgo, e você não me julga



Não me julgue pelos meus discos, meus livros ou meu gosto por poesia. Aliás, não me julgue. Quem é você? Eu gosto das mudanças em mim e as aceito de bom grado. Os nossos gostos nos constroem. Eu gosto de Caio Fernando e Clarice Lispector, mas isso não quer dizer nada além do fato de que gosto de Caio Fernando e Clarice.
Gosto de dias frios e de chocolate quente. Prefiro ler a escutar música. Prefiro assistir filmes a ir à uma festa. Prefiro barzinho a boate. Prefiro conversa com amigos a curtições cheias de desconhecidos. Prefiro cidade a campo. Prefiro e-mail a telefone. Prefiro o riso quando regado de espontaneidade. Prefiro praia a cachoeira. Sempre que estou em frente ao mar sinto como se os problemas não pudessem me atingir, pois estou cercada de paz (e é isso mesmo.) Não há nada por trás. E se achar que há, você pode me perguntar, eu respondo, nunca tive problemas em responder o que está ao meu alcance — e adoro divagar sobre o que supostamente não está.
Não me julgue por eu achar um tédio gente que se faz de "cool", eu só acho um tédio, mas também não julgo. Não me julgue pelo que você supõe de mim. Aqui dentro há um mundo que até eu desconheço. Me perco em esquinas e dou meia-volta para um lugar em que nunca estive. Eu sou incompleta e não me importo, sou inconformada e não me importo. Eu não me importo com o sério, só perco o sono por bobagens. Me misturo com o que penso e acabo sonhando bobagens também. Acordo criança arteira que pinta o mundo como quer, só para ter uma realidade mais bonita ao alcance das mãos. Eu pinto um quadro que ninguém paga para ver, mas que no final do dia faz diferença na galeria de quem sou.
Pessoas acham que nos conhecem e tiram conclusões por algo que dissemos, a gente não é só o que diz, é também o que faz e o que sente. E você nunca saberá o que eu sinto. Nunca me conhecerá. Existem pessoas que me "conhecem" e pessoas que não me conhecem, escolha um time e se conforme. Eu também nunca te conhecerei e é por isso que o meu dedo continua apontando para mim e não para você, porque não te conheço, logo, não te julgo. E mesmo se conhecer o próximo de forma profunda fosse possível eu ainda optaria por não julgar, simplesmente não cabe a mim, a nós. É preciso reconhecer que todos têm um mundo só seu, um mundo que ninguém tem sequer o direito de tentar entender. Eu não tenho esse direito e nem me dou. Então, deixa disso.

Noemyr Gonçalves

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