Ando com síndrome de inspiração... Escrevo o que penso, o que sinto, o que desejo, o que amo, quem eu amo, porque amo, de onde venho, para aonde vou, onde estou. Ando com a estranha mania de traduzir "tudo" em palavras. Eu adoro escrever, faz parte de mim, combina com a minha personalidade, me expresso bem assim.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Perfeição: sim e não!
Incrível como nós, mulheres,
corremos atrás e ao mesmo tempo rejeitamos a perfeição. Explico. A todo custo,
todo santo dia, a mesma luta que inclui trabalhar bem, ser ótima namorada, boa
filha, aluna exemplar e sem perder o estilo ou sair pra rua sem a convicção de
que somos demais (ai da moça decidir de sair casa já se achando lixo: tende a
terminar o dia na pior). E a gente se esforça sempre pra conseguir ser mais
aceitas, melhor remuneradas, com menos celulite e o ouvido cheio de elogios.
Normal. O que me intriga é a falta de tato ao lidar com o bom senso dentro de
um relacionamento. Explico de novo: nos desestabilizamos. Cadê a capa de
supermulher que a gente veste toda manhã pra encarar uma piranha curtindo todas
as fotos do namorado? Existe paciência em aceitar sem pestanejar um pouco de
carinho sem o medo cruel de que seja puro sentimento de culpa? Ou, para
resumir: tem como nós, da classe feminina, abonarmos o martírio de nós mesmas e
nos aceitarmos incríveis com caras que achem o mesmo sem surtar por uma demora
em responder mensagem? Tem, claro que tem. Só falta a gênia que habita
interiormente descobrir.
Sabemos que não existe maestria
completa nessa vida. Mesmo assim, andamos com pressa, nos alimentamos
corretamente, travamos os impulsos mais sentimentais, nos concentramos à base
de pílulas para não nos tornar "gordas" psicóticas mal sucedidas -
porque é assim que dá medo que nos encarem, com as piores qualidades possíveis.
No meio do lapso moderno de vida, respiramos, enlouquecemos, queremos só mais
um pouquinho de amor, só mais um tantinho de dinheiro para conseguir juntar
para aquela viagem que fica sempre para o próximo feriadão e não ocorreu até
hoje. Por dentro, sofremos feito passarinho no ninho, emaranhadas dentro dos
problemas de criamos, entremeados na teia fininha de quem quanto mais faz, mais
deseja acertar e assim, mais se enche de encucamentos e autoanálises profundas
que dão em nada. E quando o trabalho não está lá essas coisas, as amigas são
poucas mas, engraçadas e de bom coração, a grana anda curta e a família
julgadora, é no amor que a existência escolhe a maior estampa (que a gente lava
na máquina pra ver se não estraga, que a gente estica e puxa pra ver até onde
vai, que a gente testa sem querer e usa por vários dias pra ver se enjoa - e
continua ali, firme e forte porque só homem de caráter forte pra aguentar tudo
isso e seguir do lado, chamar de louca pra logo em seguida esmagar muito e
dizer "chatinha" como quem responde em silêncio que aceita as
burocracias porque a parte boa vale a pena.
Toda essa explicação pra afirmar
que, sim: fomos educadas desde pequenas tendo a certeza que homem não presta é
nada, que é preciso "confiar desconfiando", que cara quieto demais
ih, filha, toma cuidado e presta bem atenção porque o chifre cresce e todos
veem, menos nós, as meninas do papai. E alguns podem mesmo até representar uma
parcela de 20 ou 30% de filhos da puta, otários ou mongolões que não veem a
benção em forma de mulher que dá a mão na hora de caminhar na rua, mas é só às
vezes. Enfim: e daí quando a parte amorosa deslancha, a gente não consegue se
aquietar e curtir por muito tempo. É triste, mas a gente vai vasculhar até
encontrar alguma paranoia que sirva de motivo pra um mal estar ou discussão.
Vamos sair do abraço na hora de dormir porque está muito quente, insistir em
saber como era a ex, dormir só com 'boa noite'; deixar que a demência segue a
lucidez de ser a mulher que eles escolheram pra chamar de amor, quando na
cozinha.
Pode ter sido o final de semana
mais bonito em meses, a paixão ser expressa em mil abraços e palavras doces, o
sexo no ponto mais alto da libido de quem sente a falta durante a semana, a
sintonia afinada capaz de compor o momento da melhor forma possível, que não
adianta: é dom de quem usa saias acatar ao monstrinho dos zunidos que falam na
mente pra que a gente atente bem, seja observadora pra não ser feitas de
idiotas; inconfortáveis e sem saber o que fazer com a perfeição possível de um
momento em mãos, arriscamos um pouco de frieza, nos dispersamos na discussão
fútil que não sabemos mais porque teve início,
embarramos na ingenuidade de quem só quer passar por uma rusga ou outra
tirando sarro da própria obsessão, rindo à toa pra não se perder nas mil e uma
ideias próprias, amando mais porque a gente só consegue fechar os olhos e
respirar mais lento quando as certezas estão todas no lugar. Geralmente, depois
de uma briga boba ou outra que certifique que tudo nunca esteve melhor.
Camila Paier
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Sou livre!
Ser livre é não ser escravo
das culpas do passado nem das preocupações do amanhã. Ser livre é ter tempo
para as coisas que se ama. É abraçar, se entregar, sonhar, recomeçar tudo de
novo. É desenvolver a arte de pensar e proteger a emoção. Mas, acima de tudo,
ser livre é ter um caso de amor com a própria existência e desvendar seus
mistérios.
Augusto Cury
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
O lugar perfeito das boas lembranças
“Existem lembranças que são fontes perenes de amor. Recordá-las é como caminhar descalço na areia da praia num começo de manhã de céu azul, a brisa do mar misturada aos raios do sol, aquele ventinho morno que se derrama na pele com gentileza rara. Recordá-las é um cafuné gostoso que a vida reinventa. Quando estamos tristes, cansados, aborrecidos, também podemos ir até lá, onde essas lembranças moram… É um jeito afetivo de renovar a energia no momento presente.”
Ana Jácomo
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Para toda...
“Para toda malícia, tem uma inocência. Para toda chuva, tem um sol. Para
toda lágrima, tem um sorriso.”
domingo, 14 de outubro de 2012
Aluga-se
Resolvi morar sozinha e passei os últimos
três meses procurando um apartamento para alugar. Gostei logo de cara de um no
Itaim, rua tranquila, vista para várias árvores charmosas, todo pequenininho e
aconchegante. Quando entrei nele senti algo especial, estranho, familiar, algo
muito bom. Mas não, não se pode ficar com o primeiro que aparece, não é mesmo?
O Itaim tem muito trânsito, prédios antigos dão problema na fiação e no
encanamento, a garagem era pequena, enfim, continuei procurando.
Depois daquele apartamento, vi pelo menos
mais uns 30, mas o dito cujo não saia da minha cabeça. A varandinha azul, as
vaguinhas para visitantes ao lado, o porteiro velhinho que só sorria. Eu estava
apaixonada. Mas não, o mundo tem tantas opções, não é mesmo? Não se pode ir ficando
com o primeiro que aparece, ainda mais um primeiro com tantos defeitos: a
cozinha era muito antiga, a porta do banheiro batia no bidê (pra que bidê?) e a
proprietária não abria mão do carpete (eu sou alérgica).
O tempo passou, prédios modernos, mais baratos,
com vistas melhores e até mesmo com banheiros gigantes (eu amo banheiros)
passaram, e eu nunca tirei o predinho da rua Jesuíno da cabeça. Eu me dizia o
tempo todo "o que é do homem, o bicho não come" e seguia a vida
tranquila sabendo que quando finalmente chegasse a hora de me decidir, ele
estaria lá esperando por mim. Eu precisava experimentar o mundo, eu precisava
conhecer outros cantos, cheiros e vistas, não, de maneira nenhuma eu poderia me
deixar levar pelos sentimentos e assinar um contrato de fidelidade. Um dia eu
estaria pronta para sair de casa e ser uma mulher, um dia eu estaria pronta
para não ter mais que olhar pro lado pra poder olhar pra frente. Um dia eu
poderia ser dele e então, ele seria meu.
Ontem resolvi passar por lá, não para resolver
nada e nem para levar minha mudança, apenas para continuar minha paquera
medrosa e distante, saber se estava tudo bem com o meu amor e esquentar um
pouquinho nosso relacionamento cheios de dúvidas. Quando fui chegando perto não
pude acreditar: a placa de aluga-se não estava mais lá! Meu coração cheio de
fúria não cabia dentro de mim, eu atravessei a rua correndo, apertei a
campainha como um fantasma faminto inconformado com a morte mas impotente e
invisível. Depois de muito tempo o porteiro berrou sem nem se dar ao trabalho
de mostrar o rosto: já tem gente morando lá, foi alugado semana passada!
Voltei para meu carro e chorei o choro mais
profundo, antigo e verdadeiro que já chorei em toda a minha vida. Um choro
daqueles contidos pela eternidade. Me recordei rapidamente de todas as pessoas
e coisas que perdi por ainda não estar preparada para elas, ou por ainda ter
muita curiosidade de mundo e dificuldade em ser permanente. Me lembrei de
vários lugares em que trabalhei e acabei saindo porque era muito nova para me
enterrar numa mesa de escritório dez horas por dia, mas eram lugares com
pessoas, chefes e trabalhos muito divertidos e inesquecíveis. Recordei de
amigos e parentes distantes, aqueles que eu sempre deixo pra depois porque
moram muito longe ou acabaram se tornando pessoas muito diferentes de mim,
sempre penso "mês que vem faço contato com eles". E se não tiver mês
que vem?
Finalmente, chorei todos os meus amores que
acabaram, todas as portas que eu deixei entreabertas (porque sou péssima em
fechá-las) e que se fecharam pela vida: a maioria casou, juntou, sumiu, nem sei
por onde anda. Alguém quis fazer desses amores perdidos moradias e eu mais uma
vez fiquei sem minha placa de "aluga-se".
Enfim, chorei o fim de tudo. Assim é a vida,
uma morte a cada dia. Depois, como sempre, limpei o rosto e continuei
procurando pela minha casa. Estar sempre insatisfeito, na verdade, é o que faz
a gente nunca desistir de seguir em frente e, quem sabe um dia, se encontrar
nesse mundo.
Tati Bernardi.
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