segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Foi assim

Eu nunca tive a intenção de me apaixonar por você, mas parece que esse era o nosso destino... Nos conhecemos tanto, somos guardiões de tantas confidencias e de tantos casos vividos que parecia ser impossível transformar a amizade em amizade + amor homem e mulher. Não sei como tudo aconteceu, no máximo talvez eu saiba quando tudo começou. Foi assim, sem grandes explicações e sem premeditação. Foi incrível, instantâneo e surpreendente para nós dois. Não consigo definir, mas me senti como se um véu tivesse sido tirados meus olhos. Como assim? Eu me perguntei repetidas vezes o que eu estava fazendo, o que nós estávamos fazendo. Não obtive nada além do que mais perguntas... Será que é isso mesmo que queremos? Não somos apenas dois carentes de carinho nesse momento das nossas vidas? A resposta veio com os dias seguintes. Definitivamente era algo muito maior do que poderíamos imaginar... É mais amor do que supúnhamos que poderíamos ser capazes de doar.  

Limpando o porão



Você pode até achar que eu não sabia, mas o meu peito apertado, sempre apertado, mesmo quando você era a coisa mais amorosa que poderia existir no mundo, mesmo assim, meu peito vivia apertado como quem está prestes a descobrir uma grande mentira. E a nossa doce mentira era esta: um casal que parecia ter nascido um para o outro. Mas você querendo que eu fosse mais ambiciosa e eu querendo que você fosse menos materialista e a gente quase enfartando com as nossas ansiedades agudas diárias e um tal de casamento que não era nem morar junto, mas quase era. A gente viveu um quase tudo adornado de poesia. Uma farsa cheia de lirismo,álcool e descompensação emocional. Tudo tão intenso: o beijo, o sexo, as conversas, as trocas, as parcerias, as diferenças, as semelhanças, as brigas. Depois você: a vítima. Depois eu: precisando reavaliar meu temperamento difícil. Mas você tratava mal os porteiros do seu prédio e eu pensava que nunca me casaria com alguém que trata mal um porteiro, mas eu queria que você me pedisse em casamento, mesmo que fosse para eu recusar... Eu teria recusado.Você sempre tão querido com seus superiores, simpático e engraçado, e tão irritadiço com a minha falta de ambição e com os seus subordinados. Eu querendo publicar meu livro, você querendo um apartamento de 6 milhões de dólares no Leblon. E você não pensou nos dias que dormimos juntos na sua casa ainda vazia, quando só havia um colchão e os lençóis que emprestei quando, depois da sua casa montada pelos móveis que ajudei a escolher, arrumou minhas coisas em sacolas de plástico barato pra dizer educadamente numa grosseria até então desconhecida, que definitivamente, era o fim. Depois, sua viagem marcada sem que eu soubesse, suas malas que eu não ajudei a arrumar para que você não esquecesse as coisas mais importantes como suas cuecas e carregadores de celular. E eu chamava nossa história de amor de cinema e todos que nos viam achavam a mesma coisa... E eu sofri tanto a sua falta, mas o meu peito não apertava mais porque eu deixara aquela mentira de lado. Pode parecer estranho que eu toque neste assunto depois de tanto tempo, mas eu precisava limpar este porão e criar um atelier nele. Porque agora com meu coração em paz eu consigo criar, porque agora eu só consigo ver transparência nas pessoas, e não alguém sobressaltado com senhas para tudo como se quisesse proteger sua grande mentira. Desculpa eu mexer nesta sujeira que já estava repousada no fundo do copo, mas como eu já te disse, eu preciso limpar este porão e talvez o sótão. E com meu coração tranqüilo, transformar estes espaços trancados há tanto tempo, num espaço aconchegante de criação, num atelier emocional onde eu possa colorir alegremente minha roupa, minhas palavras, minha nudez, minha falta de ambição...

Marla de Queiroz

Odeio segunda-feira!


Recomeçar a semana é sempre bom. Mas eu odeio quando chega segunda-feira e eu me lembro que tenho que passar o dia longe de você. É tão bom ficar juntinho curtindo o dia, namorando, conversando, vendo tv e tirando uma soneca após o almoço. Ok! Eu sei que tenho que trabalhar e você também, mas bem que podia ser bem pertinho de você para que, a cada intervalo, eu pudesse lhe dar um beijo e dizer (de novo) que eu te amo. Mas, já que isso ainda não é possível eu vou contando os dias para o fim de semana.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Das várias maneiras de dizer a mesma coisa

Desculpe-me quem diz ou acredita que há apenas uma forma de dizer algo. Sou daquelas que acreditam que, assim como é possível entendermos de maneiras diferentes a mesma coisa, também é possível dize-la de diversas formas. E, com certeza, a forma de falar faz toda a diferença! Quem disse que não é possível ser doce, sensível ou sútil nas coisas duras, difíceis e amargas? Tudo depende da nossa vontade, do quanto nos preocupamos com o outro e, principalmente, do quanto de cuidado e sentimento estamos dispostos a doar. Se for para falar de qualquer jeito, deixando que as palavras encontrem a forma que lhes convier, melhor não dizer nada... Deixe que o tempo se encarrega!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Bem Vindo Novembro!


“Quase novembro, a ventania de primavera levando para longe os últimos maus espíritos do inverno, cheiro de flores em jardins remotos...”

Caio F. Abreu


Pelos próximos 99 invernos



Acordar ao seu lado, esse eterno amanhecer por dentro, um sol interno tão aceso, essa alegria gratuita. E existe algo em nós que é tão recíproco, cúmplice e intenso. Dos nossos olhares que dizem tanto sobre tudo, silenciosamente. Um movimento de corpo que é tão ao encontro o tempo todo. Da compreensão e paciência a que nos dedicamos diariamente. E o amor que permeia tanta poesia, e a poesia que se entrega inteira pras palavras que querem dizer do abraço. Seu corpo tão moldado ao meu, natureza líquida de água e jarro. Você me conduzindo à fonte de todas as coisas, lá onde o desejo se origina. E nada míngua com o passar do tempo e mesmo acreditando não ter mais espaço, cresce, flui, se imensa clareando o que era escuro e frio. Cada vez mais e mais eu preciso dizer do amor. Dessa ternura delicada. Cada vez mais o amor sendo a melhor experiência. Cada vez mais eu percebendo que se nada no mundo é definitivo, nossa história eu sei perene. Uma primavera inaugurada a cada dia. E mesmo que nada possa ser eterno, mesmo que o "pra sempre" não exista, eu sei que vou seguir te amando, pelo menos, pelos próximos 99 invernos.

(E se ainda eu não consigo explicar você pra mim, eu simplesmente aceito e agradeço).

Marla de Queiroz

Eu não precisa dizer nada!


Exatamente assim! Não precisa dizer nada! Eu penso você, sinto aquela saudade boa e aquela vontade de estar ao seu lado, e mais que depressa o telefone toca. Eu olho nos seus olhos e entendo exatamente o que você quer dizer sem que seja dita uma só palavra. Eu vejo o seu sorriso e tenho a certeza de que você está tão feliz quanto eu. Eu ouço o seu coração palpitar e sinto dentro de mim o mesmo pulsar. Eu com seu suave toque eu sei que seu abraço será sempre meu amigo, meu abrigo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Por Você


Por você eu deixo meu egoísmo de lado e te dou a maior parte do meu chocolate preferido...
Por você eu brigo, discuto comigo e me forço a ser uma pessoa melhor...
Por você eu não desisto de sonhar, de cantar e de escrever...
Por você eu deixo meu amor transparecer!

Dos dilemas que eu vivo


Às vezes a vida parece tão simples, mas às vezes é tudo tão complexo. É difícil escolher entre o futuro e o passado, entre o velho e o novo, entre continuar na mesmice ou arriscar, entre confiar completamente ou ter sempre um pé atrás, entre continuar com medo ou ter coragem de fazer o inesperado. É tão difícil não temos respostas certas, não podemos prever os acontecimentos e nem os resultados das nossas escolhas... A previsão é simples previsão, sem nada de certeza! O incerto gera dúvida, ansiedade, insegurança. A realidade não é como no mundo das idéias e dos pensamentos, mas mesmo assim eu não quero escolher o que é mais fácil.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Comprimidos de Felicidade


Saí do trabalho meio louca, meio triste, meio de saco cheio de tudo. Que vontade de pegar os meus pertences e nunca mais voltar, e nunca mais dar atenção àquilo que me chateia e que desgoverna profundamente meu estado de equilíbrio da alma. Ai que vontade de ir em direção ao nada, de esvaziar o pensamento e me deixar levar pelo vento. Mas é entre um desses pensamentos que eu me lembro de você! E, ao invés de querer algum tempo sozinha eu mudo a rota e desejo profundamente correr para o seu abraço, ouvir sua voz, dividir com você tudo o que me incomoda enquanto você diz que está tudo bem e faz de tudo para arrancar meu sorriso. Você se transforma em tudo o que preciso e, também, no que nem eu mesma sei que preciso. Simples assim! Ao seu lado, num instante, meu dia preto e branco ganha mil cores, a chuva dá lugar ao sol e a escuridão é tomada pela luz. Você sempre me cura de todos os meus males. 

Soletrando o alfabeto



A primeira letra do alfabeto é também a primeira letra da palavra amor e se acha importantíssima por isso!
Com A se escreve "arrependimento" que é uma inútil vontade de pedir ao tempo para voltar atrás e com A se dá o tipo de tchau mais triste que existe: "adeus"... Ah, é com A que se faz "abracadabra", palavra que se diz capaz de transformar sapo em príncipe e vice-versa...
Com B se diz "belo" - que é tudo que faz os olhos pensarem ser coração; e se dá a "bênção", um sim que pretende dar sorte.
Com C, "calendário", que é onde moram os dias e o "carnaval", esta oportunidade praticamente obrigatória de ser feliz com data marcada. "Civilizado" é quem já aprendeu a cantar parabéns pra você e sabe o que é "contrato": "você isso, eu aquilo, com assinatura embaixo".
Com D, se chega à "dedução", o caminho entre o "se" e o "então"... Com D começa "defeito", que é cada pedacinho que falta para se chegar à perfeição e se pede "desculpa", uma palavra que pretende ser beijo.
E tem o E de "efêmero", quando o eterno passa logo; de "escuridão", que é o resto da noite, se alguém recortar as estrelas; e "emoção", um tango que ainda não foi feito. E tem também "eba!", uma forma de agradecimento muito utilizada por quem ganhou um pirulito, por exemplo...
F é para "fantasia", qualquer tipo de "já pensou se fosse assim?"; "fábula", uma história que poderia ter acontecido de verdade, se a verdade fosse um pouco mais maluca; e "fé", que é toda certeza que dispensa provas.
A sétima letra do alfabeto é G, que fica irritadíssima quando a confundem com o J. G, de "grade", que serve para prender todo mundo - uns dentro, outros fora; G de "goleiro", alguém em quem se pode botar a culpa do gol; G de "gente": carne, osso, alma e sentimento, tudo isso ao mesmo tempo.
Depois vem o H de "história": quando todas as palavras do dicionário ficam à disposição de quem quiser contar qualquer coisa que tenha acontecido ou sido inventada.
O I de "idade", aquilo que você tem certeza que vai ganhar de aniversário, queira ou não queira.
J de "janela!, por onde entra tudo que é lá fora e de "jasmim", que tem a sorte de ser flor e ainda tem a graça de se chamar assim.
L de "lá", onde a gente fica pensando se está melhor ou pior do que aqui; de "lágrima", sumo que sai pelos olhos quando se espreme o coração, e de "loucura", coisa que quem não tem só pode ser completamente louco.
M de "madrugada", quando vivem os sonhos...
N de "noiva", moça que geralmente usa branco por fora e vermelho por dentro.
O de "óbvio", não precisa explicar...
P de "pecado", algo que os homens inventaram e então inventaram que foi Deus que inventou.
Q, tudo que tem um não sei quê de não sei quê.
E R, de "rebolar", o que se tem que fazer pra chegar lá.
S é de "sagrado", tudo o que combina com uma cantata de Bach; de "segredo", aquilo que você está louco pra contar; de "sexo": quando o beijo é maior que a boca.
T é de "talvez", resposta melhor que ´não`, uma vez que ainda deixa, meio bamba, uma esperança... de "tanto", um muito que até ficou tonto... de "testemunha": quem por sorte ou por azar, não estava em outro lugar.
U de "ui", um ài" que ainda é arrepio; de "último", que anuncia o começo de outra coisa; e de "único": tudo que, pela facilidade de virar nenhum, pede cuidado.
Vem o V, de "vazio", um termo injusto com a palavra nada; de "volúvel", uma pessoa que ora quer o que quer, ora quer o que querem que ela queira.
E chegamos ao X, uma incógnita... X de "xingamento", que é uma palavra ou frase destinada a acabar com a alegria de alguém; e de "xô", única palavra do dicionário das aves traduzida para o português.
Z é a última letra do alfabeto, que alcançou a glória quando foi usada pelo Zorro... Z de "zaga", algo que serve para o goleiro não se sentir o único culpado; de "zebra", quando você esperava liso e veio listrado; e de "zíper", fecho que precisa de um bom motivo pra ser aberto; e de "zureta", que é como fica a cabeça da gente ao final de um dicionário inteiro.

Lázaro Ramos - Palavras Ao Vento

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Os dias que eu só quero você



E hoje eu não queria mais nada a não ser você. Queria aproveitar a chuva caindo no telhado para passarmos o dia todo juntos, papeando, tomando chocolate e ouvindo música, sem tempo para acabar. Queria dormir de conchinha sentindo seu calor, seu abraço, seu perfume seu aconchego. Queria acordar e ver você ali do meu ladinho, dormindo feito anjo só para eu admirar mais um pouquinho. 

Fora da casinha



Você está fora da casinha quando sabe o que tem que ser feito e mesmo assim não consegue fazer.

Quando quer ler e não consegue se concentrar, mas por ser viciado em leitura acaba optando por futilidades - o que depois faz com que você se sinta estúpido por estar perdendo tempo com bobagens.

Está fora da casinha quando compra inúmeras roupas e acessórios fashions mas não sente vontade de badalar, preferindo o bom e velho sofá todas as noites.
Quando bebe sem estar com vontade, somente para lembrar o que não consegue esquecer. Quando escreve e apaga o mesmo texto todos os dias - um trabalho mais inútil que o tear de Penélope.

Quando seu Ipod não tem uma única música que traduza o que está sentindo. Quando espera algo que não devia. Quando se dá conta de que a lua mudou de formato e você nem percebeu.

Você está fora da casinha quando está cercado de pessoas bacanas e mesmo assim gostaria que outras pessoas estivessem por perto. Quando não tem vontade de contar o que sente a ninguém, mas ao mesmo tempo precisa desesperadamente de um colo.

Está fora da casinha quando quer fumar um maço de Marlboro Light mas mastiga chiclete de nicotina. Quando muda a cor do esmalte todos os dias porque nenhuma, afinal, está refletindo seu estado de espírito.

Quando está trabalhando num projeto bacanérrimo e mesmo assim queria estar fazendo outra coisa, como, por exemplo, estar trabalhando com moda.

Está fora da casinha quando não sabe se volta para a terapia ou continua no yôga.

Quando sente saudade da família, mas não tem tempo para visitá-la. Quando é obrigado a ser gentil com alguém que no fundo você queria mandar para a puta que pariu.

Você está fora da casinha quando luta contra sua própria natureza e dia após dia se esforça para ser diferente do que realmente é : passional, mimada, ansiosa, caprichosa, escandalosa.

É isso! Estou fora da casinha.

(Mônica Montone)


sábado, 22 de outubro de 2011

Mulher que é mulher





Mulher que é Mulher...

é feita de TPM e celulites
neuras e chatices
nóias e cobranças.
Mulher que é Mulher...
Não tem medo de limites
é forte e ao mesmo tempo quer colo
domina o mundo e precisa de um abraço
Mulher que é Mulher...
adora um espelho
não vive sem elogio
e sempre espera um presente
Mulher que é Mulher...
dá um sorriso e conquista o que quer
com a fala mansa rege a orquestra
e com a fala dura põe ordem no coreto
Mulher que é Mulher...
não é mais nem menos que mulher
é a medida certa da forma humana
uma sinfonia para piano e violino
Mulher que é Mulher...
não pode ser diferente
tem ser sempre adjacente
e torturar a cabeça e o que o homem sente
Mulher que é Mulher...
é mulher
é ela
é única
é especial....



Texto extraído do site: www.indiretasquasediretas.com

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Eu e eu mesma


Hoje eu sei quem sou! Não tenho medo do futuro e não me assombro com o passado. Aprendi com a vida e com as experiências e me olhar nos olhos, a me admirar no espelho, a fazer curativos nas minhas feridas. Já não sou mais suscetível aos outros, às vontades que não são minhas, aos caminhos que eu não escolhi, às atitudes que não combinam comigo. Agora eu escolho minha roupa, meus amigos, meu batom, meu esmalte, meu canto para pensar. Eu vou onde meu coração manda e para onde meus sonhos me levam, eu me permito um sorriso de canto de boca para os meus "fracassos" e sigo feliz por ser mais eu mesma, por ser essa nova página da minha vida.

Vem cá!


Vem cá, que eu preciso te contar que ando sentindo essas coisas que a gente lê em poesia. Ando falando de amor pela rua, cantando na cozinha e assobiando no chuveiro. Ando entregue. Ando andando meio sem rumo, e quando vejo tô na porta da tua casa. Ando sem pressa porque teu amor chega tarde, sempre depois das onze. Ando sentindo coisas demais. E me ocupando de coisas de menos, que tu anda me consumindo os pensamentos e eu fico sem fazer mais nada. Ando achando graça em música brega e tô até gostando mais de casa. Tem mais poesia até no caminho do ônibus, quando o celular toca e você reclama a saudade. Adoro quando você reclama a saudade. Com aquela voz morna de quem quer, mas não pode. Ando tropeçando nos sorrisos e nos soluços. Que chorar de amor, é parte desse negócio de ser feliz a dois. E a gente é feliz feito dois bobos. Como se o mundo lá fora andasse calmo e sereno e a avenida parasse inteira só porque a gente esquece de olhar pros dois lados. A gente é feliz pra caralho. Sem medida assim... Porque medida é racional. É multiplicar, dividir... E num tamo podendo fazer conta. Vem cá, que tô precisando te dizer sobre tudo isso. Porque se eu num falo, nem eu acredito. Ando escrevendo essas coisas todas melosas, ando gargalhando à toa. E tenho rasgado folha de caderno, porque escrevo demais e fico me repetindo. Quando vejo, tô contando a mesma história. É que nossa história, puta que pariu, dava um livro. Ando assim... Colocando minha felicidade nos teus braços, ali onde encaixo a cabeça e fico deixando teu cheiro pegar na minha roupa. Ando achando tudo mais bonito. E ando errando feio. Mas errar é parte dessa coisa. Isso de andar amando.

Cíntia Moraes, adaptado.

Obrigada por tudo!



E é tão gigante que não cabe em si, é tão forte e profundo que chega doer e pensar na possibilidade de não estar ao lado é o mesmo que estar diante do nada.

A Walk to Remember



"O amor é paciente e benigno, não arde em ciúmes; o amor não se ufana, não se ensoberbece; O amor não é rude nem egoísta, não se exaspera e não se ressente do mal. O amor não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade. Está sempre pronto para perdoar, crer, esperar e suportar o que vier."



“Sempre terei saudade dela. Mas o nosso amor, é como o vento, não posso ver, mas posso sentir”.



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

I'll give it to you


"...All the time that I gave away
I'll give it to you
All the love that I never made
I'll make it to you, yeah..."


"ELE anda cansado das baladas e dos casos furtivos sem sentimentos. Aprendeu a gostar da própria companhia, sem precisar estar em uma turma de amigos todos os sábados. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que traga um sabor doce às suas manhãs, que seja a melhor companhia para olhar a lua. Que ele possa exibir os seus dons na cozinha e o seu conhecimento em vinhos, só para ela.

Quer uma mulher que ele reconheça pelo cheiro dos cabelos, pelo toque dos dedos, pela gargalhada que vai ecoar pela casa transformando um domingo sem graça, no melhor dia da semana. Quer viver uma paixão tranqüila e turbulenta de desejos… quer ter para quem voltar depois de estar com os amigos, sem precisar ficar “caçando” companhias vazias e encontros efêmeros. Quer deitar no tapete da sala e ficar observando enquanto ela, de short jeans, camiseta e um rabo de cavalo, lê um livro no sofá, quer deitar na cama desejando que ela saia do banho com uma lingerie de tirar o fôlego.

Quer brincar de guerra de travesseiros, até que o perdedor vá até a cozinha pegar água. Quer o poder que nenhum dos seus super heróis da infância tiveram… o poder de amar sem medo, sem perigo e sem ir embora no dia seguinte.

Quer provar que pode fazer essa mulher feliz!

ELA quase deixou de acreditar que seria possível ter vontade de se envolver novamente. Foram tantas dores, finais, recomeços e frustrações que pensou em seguir sozinha para não mais se machucar. Então percebeu que a vida de solteira já não está fazendo tanto sentido. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que possa acordá-la com um abraço que fará o seu dia feliz, quer um homem que ela possa cuidar e amar sem receios de que está sendo enganada. Quer a alegria dos finais de semana juntinhos, as expectativas dos planos construídos, o grito de “gol” estremecendo a casa quando o time dele estiver ganhando… a cumplicidade em dividir os segredos.

Quer observá-lo sem camisa, lendo o jornal na varanda… quer reclamar da bagunça no banheiro, rindo e gritando quando ele revidar puxando-a para o chuveiro, completamente vestida.

Quer a certeza de abrir a porta de casa e saber que mesmo ele não estando, chegará a qualquer momento trazendo o brigadeiro da doceria que ela gosta tanto. Quer beijar, cheirar, morder, beliscar e apertar para ter certeza que a felicidade está ali mesmo… materializada nele.

Quer provar que pode fazer esse homem feliz!

ELES estão por aí… sonhando um com o outro… talvez ainda nem se conheçam… mas é só uma questão de tempo, até o destino unir essas vidas que se complementam e estão ávidas para amar e fazer o outro feliz. Ou alguém duvida que o universo traz aquilo que desejamos?"


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Anjos de uma asa só



Existe uma história de simplicidade linda, que eu gostaria de contar.
Um lenda, um acalanto .......
Não sei se é verdade... e não importo-me com isso.
Não precisa ser.....

Foi há muito tempo atrás...depois do mundo ser criado
 e da vida completá-lo.
Num dia, numa tarde de céu azul e calor ameno.
Um encontro entre Deus e um de seus incontáveis anjos.
Acredita?

Deus estava sentado, calado. Sob a sombra de um pé de jabuticaba.
Lentamente sem pecado, Deus erguia suas mãos
então colhia uma ou outra fruta.

Saboreava sua criação negra e adocicada.
Fechava os olhos e pensava.
Permitia-se um sorriso piedoso.
Mantinha seu olhar complacente.

Foi então que das nuvens um de seus muitos arcanjos
 desceu e veio em sua direção.

Já ouviu a voz de um anjo?
É como o canto de mil baleias.
É como o pranto de todas as crianças do mundo.
É como o sussurro da brisa.

Ele tinha asas lindas....brancas, imaculadas.

Ajoelhou-se aos pés de Deus e falou.

"Senhor... visitei sua criação como pediu.
   Fui a todos os cantos.
   Estive no sul, no norte.
   No leste e oeste.
   Vi e fiz parte de todas as coisas.
   Observei cada uma de suas crianças humanas.
   E por ter visto vim até o Senhor....para tentar entender.
   Por que? Por que cada uma das pessoas sobre a terra
 tem apenas uma  asa?
   Nós anjos temos duas...
podemos ir até o amor que o Senhor representa
sempre que desejarmos.
 Podemos voar para a liberdade sempre que quisermos.
   Mas os humanos com sua única asa não podem voar.

   Não podem voar com apenas uma asa..."

   Deus na brandura dos gestos, respondeu pacientemente ao seu anjo.
   "Sim...eu sei disso. Sei que fiz os humanos com apenas uma asa..."
   Intrigado, com a consciência absoluta de seu Senhor o anjo queria
entender e perguntou.

   "Mas por que o Senhor deu aos homens apenas uma asa quando são
necessárias duas asas para poder-se voar....para poder-se ser livre?"

   Conhecedor que era de todas as respostas Deus
não teve pressa para falar.

   Comeu outra jabuticaba, obscura e suave.
   Então respondeu...

   "Eles podem voar sim meu anjo.
   Dei aos humanos apenas uma asa para que eles
pudessem voar mais e melhor
que Eu ou vocês meus arcanjos....
   Para voar, meu amigo, você precisa de suas duas asas...
   Embora livre, sempre estará sozinho.
   Talvez da mesma maneira que Eu....

   Mas os humanos....os humanos com sua única asa
precisarão sempre dar as mãos para alguém
 a fim de terem suas duas asas.
Cada um deles tem na verdade
um par de asas....
uma outra asa em algum lugar do mundo que completa o par.

   Assim eles aprenderão a respeitarem-se pois
 ao quebrar a única asa de  outra pessoa podem
estar acabando com as suas próprias chances de voar.

   Assim meu anjo, eles aprenderão a amar
verdadeiramente outra pessoa...
aprenderam que somente permitindo-se amar eles poderão voar.
   Tocando a mão de outra pessoa em um abraço
 correto e afetuoso eles
poderão encontrar a asa que lhes falta..
.e poderão finalmente voar.
   Somente através do amor irão chegar até onde estou...
assim como você meu anjo.

    E eles nunca....nunca estarão sozinhos quando forem voar."

   Deus silenciou em seu sorriso.
   O anjo compreendeu o que não precisava ser dito.

   E assim sendo, no fim desse conto,
espero que um dia você encontre a sua outra asa.
   Para finalmente poder voar.


Chuvarada



"Alguns sentem vida, sentem beleza, sentem amor, com doses de conta-gotas. Eu, não: é uma chuvarada dentro de mim".

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Eu, caçador de mim


Não sei porque há sentimentos que não saem de dentro de mim. Eu insisto em expulsá-los e eles insistem em ficarem impregnados, e, quando saem, são especialistas em deixarem suas marcas. Eu queria apenas pensar no bem, desejar o bem... Eu queria apenas esquecer qualquer mágoa ou qualquer coisa que me faça mal... Eu queria simplesmente deixar os outros livres dos meus pensamentos e dos meus questionamentos do quanto de sinceridade há em suas atitudes, independente de acreditar que eles possam conhecer o real significado desta palavra... Eu não queria ter sido o teste, o aprendizado, a cobaia para a felicidade futura, ainda que isso possa ter me ajudado a compreender várias coisas da vida. Mas, eu não sou nada mais que eu mesma, não tenho e nunca poderia ter o poder de julgar, pois acho que seria imparcial demais. Ainda bem que Deus não delegou essa função aos meros mortais, a começar por mim. Assim, sigo tentando ser melhor, menos crítica, menos imparcial, menos preocupada com o passado e mais disposta a cuidar do MEU futuro. 

Adeus àquelas memórias de amor


Hoje estou desatando da memória as imagens de amor.
As minhas, as nossas imagens de amor, porque as coisas são como são: no momento em que escrevo e no momento em que você lê, abrimos esses arquivos de imagens geradas a partir do amor, que são
- vamos admiti-lo antes que seja tarde,
- os nossos arquivos prediletos.
Tudo o que realmente nos interessa está arquivado ali.
Na câmara escura das nossas recordações.
Imagens que vamos recolhendo vida afora.
Elas têm nome e uma história para contar, cada uma delas.
E nostalgia.

Nada mais é do que a saudade da emoção vivida, num determinado momento que passou veloz.
Emoções e emoções e ainda tanta emoção a ser vivida!
Muito além dos indivíduos, além das particularidades.
E todas essas químicas se processando no nosso corpo, pois há quem diga que amor nada mais é do que uma sensação provocada, para evitar a loucura da espécie e perpetuar o predador.
Uma ilusão passageira, uma descarga de substâncias certas no sistema.
Lubrificação.
Cuidados com a máquina.

Seja lá o que for, andei tomando resoluções práticas para a existência.
Porque nunca mais nesta vida quero ter saudade de beijo.
Nunca mais a nostalgia daquele mundo de línguas dançando balé no céu das nossas bocas.
Nunca mais!

E juro que nunca mais nesta vida quero tentar entender o amor.
Quero deixar que ele passe por mim, como um pé de vento que sopra folhas e poeira num arranjo aprumado.
Eu fico ali, no meio do redemoinho, só achando tudo muito bom.
Depois, o amor se vai e a gente continua a tocar a existência.
Assim é que deve ser.

Nunca mais nesta vida quero gente se indo. Já está de bom tamanho.
Coração da gente vai absorvendo os golpes: que são muitos e de todos os lados, sempre.
Com quase todo mundo é assim.
De repente, as pessoas começam a ir embora, por morte matada e morrida, por desamor, por tristeza, por ansiedade, por medos diversos, seu coração vai recebendo as pancadas e uma hora dá vontade de dar um berro, sair vomitando as mágoas todas que a gente foi engolindo.

Nunca mais gente partindo sem motivo aparente, sem dar nome aos bois ou uma denúncia vazia.
Nesta vida, nunca mais!

E nunca mais, nesta breve passagem, a palavra não dita, o gesto parado no ar, dissolvido antes do afago. Nunca mais a dose nossa de orgulho besta, a solidão das noites perdidas por amor desenganado, o coração parado, à espreita.
Isso, não. Quanto mais o tempo passa, mais a urgência da felicidade ilusória e da química do bem-estar, essas coisas todas que se operam em nossos íntimos.
Nunca mais.

Nunca mais um dia atirado ao nada, nunca mais o verbo que não se completa, todas as palavras que não foram ditas - verdades -, todas elas, uma após a outra, formando frases, pensamentos, sentimentos, amor costurando o texto, que é linha que não refuga de jeito nenhum.

Nunca mais!
O coração se magoando todo o dia, a gente engolindo sapos e lagartos e se esquecendo de que é capaz de mudar cada uma das histórias, reescrever o livro das nossas vidas.
Uma hora mais cedo e a cena teria sido outra ou o que teria acontecido se você não tivesse ido àquele lugar, àquela noite, o universo conspirava contra nós, ou a nosso favor?

Quem é que vai nos explicar?
Ninguém. Ou alguém.

Miguel Falabela

A sua verdade


É por isso que eu me impressiono quando olho para ele. Eu vejo um espelho, eu me vejo, eu sinto que tudo é verdadeiro. Um olhar me mostra tantas possibilidades e caminhos que até me perco em meus pensamentos. Eu  vejo nosso futuro, vejo os nossos sonhos estampados em cores fortes, vivas e com contornos de realidade. Eu sinto paz, tal qual a paz de estar sob árvores quando a brisa toca a face e o perfume se espalha no ambiente. Eu tenho vontade de correr para os seus braços e te dizer coisas de amor.


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Terceira pessoa do plural


Com você eu aprendi a pensar sempre e em todos os momentos em "Nós". O eu vou, eu quero, eu consigo, sei, ficou muito pequeno diante do nós vamos, nós queremos, nós conseguimos, nós sabemos... A minha vida é muito pequena apenas com o "eu", e, agora, eu preciso eternamente de equação eu + você = nós.



Sobre o amor



Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma ótima posição no ranking das virtudes, o amor ainda lidera com folga. Tudo o que todos querem é amar. Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras. Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, babar na gravata. Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ônibus lotado. Tem algum médico aí? Depois que acaba esta paixão retumbante, sobra o que? O amor. Mas não o amor mistificado, que muitos julgam ter o poder de fazer levitar.
O que sobra é o amor que todos conhecemos, o sentimento que temos por mãe, pai, irmão, filho. É tudo o mesmo amor, só que entre amantes existe sexo. Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus. 

A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta. Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna.

Casaram. Te amo prá lá, te amo prá cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, respeito.

Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência. Amor, só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber levar. Amar, só, é pouco. Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas pra pagar. 

Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar. 
Entre casais que se unem visando a longevidade do matrimônio tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo pra cada um. Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão. E que amar, "solamente", não basta. 

Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor é grande, mas não é dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. 

O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta. 
Um bom Amor aos que já têm! 
Um bom encontro aos que procuram! 


Artur da Távola

sábado, 15 de outubro de 2011

Ela e ele

"Ela: Se eu ficar feia?

Ele: Eu fico míope.


Ela: Se eu ficar triste?
Ele: Eu viro um palhaço.

Ela: Se eu ficar gorda?
Ele: Eu quebro o espelho.

Ela: Se eu ficar velha?
Ele: Eu fico velho junto.

Ela: Se eu ficar rouca?
Ele: Eu fico surdo.

Ela: Se eu ficar chata?
Ele: Eu te faço cócegas".


Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... - não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro- seja lá como for. Há que fazer de corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado para chatear o grande amor.

Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade - para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut, além de ser fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô - para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões , sopinhas, molhos, estrogonofes - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - para não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque ( com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva obscura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor.       

Vinicius de Moraes