Eu nunca tive a intenção de me apaixonar por você, mas parece que esse era o nosso destino... Nos conhecemos tanto, somos guardiões de tantas confidencias e de tantos casos vividos que parecia ser impossível transformar a amizade em amizade + amor homem e mulher. Não sei como tudo aconteceu, no máximo talvez eu saiba quando tudo começou. Foi assim, sem grandes explicações e sem premeditação. Foi incrível, instantâneo e surpreendente para nós dois. Não consigo definir, mas me senti como se um véu tivesse sido tirados meus olhos. Como assim? Eu me perguntei repetidas vezes o que eu estava fazendo, o que nós estávamos fazendo. Não obtive nada além do que mais perguntas... Será que é isso mesmo que queremos? Não somos apenas dois carentes de carinho nesse momento das nossas vidas? A resposta veio com os dias seguintes. Definitivamente era algo muito maior do que poderíamos imaginar... É mais amor do que supúnhamos que poderíamos ser capazes de doar.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Limpando o porão
Você pode até achar que eu não sabia, mas o
meu peito apertado, sempre apertado, mesmo quando você era a coisa mais amorosa
que poderia existir no mundo, mesmo assim, meu peito vivia apertado como quem
está prestes a descobrir uma grande mentira. E a nossa doce mentira era esta:
um casal que parecia ter nascido um para o outro. Mas você querendo que eu
fosse mais ambiciosa e eu querendo que você fosse menos materialista e a gente
quase enfartando com as nossas ansiedades agudas diárias e um tal de casamento
que não era nem morar junto, mas quase era. A gente viveu um quase tudo
adornado de poesia. Uma farsa cheia de lirismo,álcool e descompensação
emocional. Tudo tão intenso: o beijo, o sexo, as conversas, as trocas, as
parcerias, as diferenças, as semelhanças, as brigas. Depois você: a vítima.
Depois eu: precisando reavaliar meu temperamento difícil. Mas você tratava mal
os porteiros do seu prédio e eu pensava que nunca me casaria com alguém que
trata mal um porteiro, mas eu queria que você me pedisse em casamento, mesmo
que fosse para eu recusar... Eu teria recusado.Você sempre tão querido com seus
superiores, simpático e engraçado, e tão irritadiço com a minha falta de
ambição e com os seus subordinados. Eu querendo publicar meu livro, você
querendo um apartamento de 6 milhões de dólares no Leblon. E você não pensou
nos dias que dormimos juntos na sua casa ainda vazia, quando só havia um
colchão e os lençóis que emprestei quando, depois da sua casa montada pelos
móveis que ajudei a escolher, arrumou minhas coisas em sacolas de plástico
barato pra dizer educadamente numa grosseria até então desconhecida, que
definitivamente, era o fim. Depois, sua viagem marcada sem que eu soubesse,
suas malas que eu não ajudei a arrumar para que você não esquecesse as coisas mais
importantes como suas cuecas e carregadores de celular. E eu chamava nossa
história de amor de cinema e todos que nos viam achavam a mesma coisa... E eu
sofri tanto a sua falta, mas o meu peito não apertava mais porque eu deixara
aquela mentira de lado. Pode parecer estranho que eu toque neste assunto depois
de tanto tempo, mas eu precisava limpar este porão e criar um atelier nele.
Porque agora com meu coração em paz eu consigo criar, porque agora eu só
consigo ver transparência nas pessoas, e não alguém sobressaltado com senhas
para tudo como se quisesse proteger sua grande mentira. Desculpa eu mexer nesta
sujeira que já estava repousada no fundo do copo, mas como eu já te disse, eu
preciso limpar este porão e talvez o sótão. E com meu coração tranqüilo,
transformar estes espaços trancados há tanto tempo, num espaço aconchegante de
criação, num atelier emocional onde eu possa colorir alegremente minha roupa,
minhas palavras, minha nudez, minha falta de ambição...
Marla de Queiroz
Odeio segunda-feira!
Recomeçar a semana é sempre bom. Mas eu odeio quando chega segunda-feira e eu me lembro que tenho que passar o dia longe de você. É tão bom ficar juntinho curtindo o dia, namorando, conversando, vendo tv e tirando uma soneca após o almoço. Ok! Eu sei que tenho que trabalhar e você também, mas bem que podia ser bem pertinho de você para que, a cada intervalo, eu pudesse lhe dar um beijo e dizer (de novo) que eu te amo. Mas, já que isso ainda não é possível eu vou contando os dias para o fim de semana.
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Das várias maneiras de dizer a mesma coisa
Desculpe-me quem diz ou acredita que há apenas uma forma de dizer algo. Sou daquelas que acreditam que, assim como é possível entendermos de maneiras diferentes a mesma coisa, também é possível dize-la de diversas formas. E, com certeza, a forma de falar faz toda a diferença! Quem disse que não é possível ser doce, sensível ou sútil nas coisas duras, difíceis e amargas? Tudo depende da nossa vontade, do quanto nos preocupamos com o outro e, principalmente, do quanto de cuidado e sentimento estamos dispostos a doar. Se for para falar de qualquer jeito, deixando que as palavras encontrem a forma que lhes convier, melhor não dizer nada... Deixe que o tempo se encarrega!
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Bem Vindo Novembro!
“Quase novembro, a ventania de primavera
levando para longe os últimos maus espíritos do inverno, cheiro de flores em
jardins remotos...”
Caio F. Abreu
Pelos próximos 99 invernos
Acordar ao seu lado, esse eterno amanhecer
por dentro, um sol interno tão aceso, essa alegria gratuita. E existe algo em
nós que é tão recíproco, cúmplice e intenso. Dos nossos olhares que dizem tanto
sobre tudo, silenciosamente. Um movimento de corpo que é tão ao encontro o
tempo todo. Da compreensão e paciência a que nos dedicamos diariamente. E o
amor que permeia tanta poesia, e a poesia que se entrega inteira pras palavras
que querem dizer do abraço. Seu corpo tão moldado ao meu, natureza líquida de
água e jarro. Você me conduzindo à fonte de todas as coisas, lá onde o desejo
se origina. E nada míngua com o passar do tempo e mesmo acreditando não ter
mais espaço, cresce, flui, se imensa clareando o que era escuro e frio. Cada
vez mais e mais eu preciso dizer do amor. Dessa ternura delicada. Cada vez mais
o amor sendo a melhor experiência. Cada vez mais eu percebendo que se nada no
mundo é definitivo, nossa história eu sei perene. Uma primavera inaugurada a
cada dia. E mesmo que nada possa ser eterno, mesmo que o "pra sempre"
não exista, eu sei que vou seguir te amando, pelo menos, pelos próximos 99
invernos.
(E se ainda eu não consigo explicar você pra
mim, eu simplesmente aceito e agradeço).
Marla de Queiroz
Eu não precisa dizer nada!
Exatamente assim! Não precisa dizer nada! Eu penso você, sinto aquela saudade boa e aquela vontade de estar ao seu lado, e mais que depressa o telefone toca. Eu olho nos seus olhos e entendo exatamente o que você quer dizer sem que seja dita uma só palavra. Eu vejo o seu sorriso e tenho a certeza de que você está tão feliz quanto eu. Eu ouço o seu coração palpitar e sinto dentro de mim o mesmo pulsar. Eu com seu suave toque eu sei que seu abraço será sempre meu amigo, meu abrigo.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Por Você
Por você eu deixo meu egoísmo de lado e te dou a maior parte do meu chocolate preferido...
Por você eu brigo, discuto comigo e me forço a ser uma pessoa melhor...
Por você eu não desisto de sonhar, de cantar e de escrever...
Por você eu deixo meu amor transparecer!
Dos dilemas que eu vivo
Às vezes a vida parece tão simples, mas às vezes é tudo tão complexo. É difícil escolher entre o futuro e o passado, entre o velho e o novo, entre continuar na mesmice ou arriscar, entre confiar completamente ou ter sempre um pé atrás, entre continuar com medo ou ter coragem de fazer o inesperado. É tão difícil não temos respostas certas, não podemos prever os acontecimentos e nem os resultados das nossas escolhas... A previsão é simples previsão, sem nada de certeza! O incerto gera dúvida, ansiedade, insegurança. A realidade não é como no mundo das idéias e dos pensamentos, mas mesmo assim eu não quero escolher o que é mais fácil.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Comprimidos de Felicidade
Saí do trabalho meio louca, meio triste, meio de saco cheio de tudo. Que vontade de pegar os meus pertences e nunca mais voltar, e nunca mais dar atenção àquilo que me chateia e que desgoverna profundamente meu estado de equilíbrio da alma. Ai que vontade de ir em direção ao nada, de esvaziar o pensamento e me deixar levar pelo vento. Mas é entre um desses pensamentos que eu me lembro de você! E, ao invés de querer algum tempo sozinha eu mudo a rota e desejo profundamente correr para o seu abraço, ouvir sua voz, dividir com você tudo o que me incomoda enquanto você diz que está tudo bem e faz de tudo para arrancar meu sorriso. Você se transforma em tudo o que preciso e, também, no que nem eu mesma sei que preciso. Simples assim! Ao seu lado, num instante, meu dia preto e branco ganha mil cores, a chuva dá lugar ao sol e a escuridão é tomada pela luz. Você sempre me cura de todos os meus males.
Soletrando o alfabeto
A primeira letra do alfabeto é
também a primeira letra da palavra amor e se acha importantíssima por isso!
Com A se escreve
"arrependimento" que é uma inútil vontade de pedir ao tempo para
voltar atrás e com A se dá o tipo de tchau mais triste que existe:
"adeus"... Ah, é com A que se faz "abracadabra", palavra
que se diz capaz de transformar sapo em príncipe e vice-versa...
Com B se diz "belo" -
que é tudo que faz os olhos pensarem ser coração; e se dá a "bênção",
um sim que pretende dar sorte.
Com C, "calendário",
que é onde moram os dias e o "carnaval", esta oportunidade
praticamente obrigatória de ser feliz com data marcada. "Civilizado"
é quem já aprendeu a cantar parabéns pra você e sabe o que é "contrato":
"você isso, eu aquilo, com assinatura embaixo".
Com D, se chega à
"dedução", o caminho entre o "se" e o "então"...
Com D começa "defeito", que é cada pedacinho que falta para se chegar
à perfeição e se pede "desculpa", uma palavra que pretende ser beijo.
E tem o E de "efêmero",
quando o eterno passa logo; de "escuridão", que é o resto da noite,
se alguém recortar as estrelas; e "emoção", um tango que ainda não
foi feito. E tem também "eba!", uma forma de agradecimento muito
utilizada por quem ganhou um pirulito, por exemplo...
F é para "fantasia",
qualquer tipo de "já pensou se fosse assim?"; "fábula", uma
história que poderia ter acontecido de verdade, se a verdade fosse um pouco
mais maluca; e "fé", que é toda certeza que dispensa provas.
A sétima letra do alfabeto é G,
que fica irritadíssima quando a confundem com o J. G, de "grade", que
serve para prender todo mundo - uns dentro, outros fora; G de
"goleiro", alguém em quem se pode botar a culpa do gol; G de
"gente": carne, osso, alma e sentimento, tudo isso ao mesmo tempo.
Depois vem o H de
"história": quando todas as palavras do dicionário ficam à disposição
de quem quiser contar qualquer coisa que tenha acontecido ou sido inventada.
O I de "idade", aquilo
que você tem certeza que vai ganhar de aniversário, queira ou não queira.
J de "janela!, por onde
entra tudo que é lá fora e de "jasmim", que tem a sorte de ser flor e
ainda tem a graça de se chamar assim.
L de "lá", onde a gente
fica pensando se está melhor ou pior do que aqui; de "lágrima", sumo
que sai pelos olhos quando se espreme o coração, e de "loucura",
coisa que quem não tem só pode ser completamente louco.
M de "madrugada",
quando vivem os sonhos...
N de "noiva", moça que
geralmente usa branco por fora e vermelho por dentro.
O de "óbvio", não
precisa explicar...
P de "pecado", algo que
os homens inventaram e então inventaram que foi Deus que inventou.
Q, tudo que tem um não sei quê de
não sei quê.
E R, de "rebolar", o
que se tem que fazer pra chegar lá.
S é de "sagrado", tudo
o que combina com uma cantata de Bach; de "segredo", aquilo que você
está louco pra contar; de "sexo": quando o beijo é maior que a boca.
T é de "talvez",
resposta melhor que ´não`, uma vez que ainda deixa, meio bamba, uma
esperança... de "tanto", um muito que até ficou tonto... de
"testemunha": quem por sorte ou por azar, não estava em outro lugar.
U de "ui", um ài"
que ainda é arrepio; de "último", que anuncia o começo de outra
coisa; e de "único": tudo que, pela facilidade de virar nenhum, pede
cuidado.
Vem o V, de "vazio", um
termo injusto com a palavra nada; de "volúvel", uma pessoa que ora
quer o que quer, ora quer o que querem que ela queira.
E chegamos ao X, uma incógnita...
X de "xingamento", que é uma palavra ou frase destinada a acabar com
a alegria de alguém; e de "xô", única palavra do dicionário das aves
traduzida para o português.
Z é a última letra do alfabeto,
que alcançou a glória quando foi usada pelo Zorro... Z de "zaga",
algo que serve para o goleiro não se sentir o único culpado; de
"zebra", quando você esperava liso e veio listrado; e de
"zíper", fecho que precisa de um bom motivo pra ser aberto; e de
"zureta", que é como fica a cabeça da gente ao final de um dicionário
inteiro.
Lázaro Ramos - Palavras Ao Vento
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Os dias que eu só quero você
E hoje eu não queria mais nada a não ser você.
Queria aproveitar a chuva caindo no telhado para passarmos o dia todo juntos,
papeando, tomando chocolate e ouvindo música, sem tempo para acabar. Queria
dormir de conchinha sentindo seu calor, seu abraço, seu perfume seu aconchego. Queria
acordar e ver você ali do meu ladinho, dormindo feito anjo só para eu admirar
mais um pouquinho.
Fora da casinha
Você está fora da casinha quando sabe o que
tem que ser feito e mesmo assim não consegue fazer.
Quando quer ler e não consegue se concentrar,
mas por ser viciado em leitura acaba optando por futilidades - o que depois faz
com que você se sinta estúpido por estar perdendo tempo com bobagens.
Está fora da casinha quando compra inúmeras
roupas e acessórios fashions mas não sente vontade de badalar, preferindo o bom
e velho sofá todas as noites.
Quando bebe sem estar com vontade, somente
para lembrar o que não consegue esquecer. Quando escreve e apaga o mesmo texto
todos os dias - um trabalho mais inútil que o tear de Penélope.
Quando seu Ipod não tem uma única música que
traduza o que está sentindo. Quando espera algo que não devia. Quando se dá
conta de que a lua mudou de formato e você nem percebeu.
Você está fora da casinha quando está cercado
de pessoas bacanas e mesmo assim gostaria que outras pessoas estivessem por
perto. Quando não tem vontade de contar o que sente a ninguém, mas ao mesmo
tempo precisa desesperadamente de um colo.
Está fora da casinha quando quer fumar um
maço de Marlboro Light mas mastiga chiclete de nicotina. Quando muda a cor do
esmalte todos os dias porque nenhuma, afinal, está refletindo seu estado de
espírito.
Quando está trabalhando num projeto
bacanérrimo e mesmo assim queria estar fazendo outra coisa, como, por exemplo,
estar trabalhando com moda.
Está fora da casinha quando não sabe se volta
para a terapia ou continua no yôga.
Quando sente saudade da família, mas não tem
tempo para visitá-la. Quando é obrigado a ser gentil com alguém que no fundo
você queria mandar para a puta que pariu.
Você está fora da casinha quando luta contra
sua própria natureza e dia após dia se esforça para ser diferente do que
realmente é : passional, mimada, ansiosa, caprichosa, escandalosa.
É isso! Estou fora da casinha.
(Mônica Montone)
sábado, 22 de outubro de 2011
Mulher que é mulher
Mulher que é
Mulher...
é feita de TPM e
celulites
neuras e chatices
nóias e cobranças.
Mulher que é
Mulher...
Não tem medo de
limites
é forte e ao mesmo
tempo quer colo
domina o mundo e
precisa de um abraço
Mulher que é
Mulher...
adora um espelho
não vive sem elogio
e sempre espera um
presente
Mulher que é
Mulher...
dá um sorriso e
conquista o que quer
com a fala mansa rege
a orquestra
e com a fala dura põe
ordem no coreto
Mulher que é
Mulher...
não é mais nem menos
que mulher
é a medida certa da
forma humana
uma sinfonia para piano
e violino
Mulher que é
Mulher...
não pode ser
diferente
tem ser sempre
adjacente
e torturar a cabeça e
o que o homem sente
Mulher que é
Mulher...
é mulher
é ela
é única
é especial....
Texto extraído do site: www.indiretasquasediretas.com
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Eu e eu mesma
Hoje eu sei quem sou! Não tenho medo do futuro e não me assombro com o passado. Aprendi com a vida e com as experiências e me olhar nos olhos, a me admirar no espelho, a fazer curativos nas minhas feridas. Já não sou mais suscetível aos outros, às vontades que não são minhas, aos caminhos que eu não escolhi, às atitudes que não combinam comigo. Agora eu escolho minha roupa, meus amigos, meu batom, meu esmalte, meu canto para pensar. Eu vou onde meu coração manda e para onde meus sonhos me levam, eu me permito um sorriso de canto de boca para os meus "fracassos" e sigo feliz por ser mais eu mesma, por ser essa nova página da minha vida.
Vem cá!
Vem cá, que eu preciso te contar que ando
sentindo essas coisas que a gente lê em poesia. Ando falando de amor pela rua,
cantando na cozinha e assobiando no chuveiro. Ando entregue. Ando andando meio
sem rumo, e quando vejo tô na porta da tua casa. Ando sem pressa porque teu
amor chega tarde, sempre depois das onze. Ando sentindo coisas demais. E me
ocupando de coisas de menos, que tu anda me consumindo os pensamentos e eu fico
sem fazer mais nada. Ando achando graça em música brega e tô até gostando mais
de casa. Tem mais poesia até no caminho do ônibus, quando o celular toca e você
reclama a saudade. Adoro quando você reclama a saudade. Com aquela voz morna de
quem quer, mas não pode. Ando tropeçando nos sorrisos e nos soluços. Que chorar
de amor, é parte desse negócio de ser feliz a dois. E a gente é feliz feito
dois bobos. Como se o mundo lá fora andasse calmo e sereno e a avenida parasse
inteira só porque a gente esquece de olhar pros dois lados. A gente é feliz pra
caralho. Sem medida assim... Porque medida é racional. É multiplicar,
dividir... E num tamo podendo fazer conta. Vem cá, que tô precisando te dizer
sobre tudo isso. Porque se eu num falo, nem eu acredito. Ando escrevendo essas
coisas todas melosas, ando gargalhando à toa. E tenho rasgado folha de caderno,
porque escrevo demais e fico me repetindo. Quando vejo, tô contando a mesma
história. É que nossa história, puta que pariu, dava um livro. Ando assim...
Colocando minha felicidade nos teus braços, ali onde encaixo a cabeça e fico
deixando teu cheiro pegar na minha roupa. Ando achando tudo mais bonito. E ando
errando feio. Mas errar é parte dessa coisa. Isso de andar amando.
Cíntia Moraes, adaptado.
Obrigada por tudo!
E é tão gigante que não cabe em si, é tão forte e profundo que chega doer e pensar na possibilidade de não estar ao lado é o mesmo que estar diante do nada.
A Walk to Remember
"O amor é paciente e benigno, não arde
em ciúmes; o amor não se ufana, não se ensoberbece; O amor não é rude nem
egoísta, não se exaspera e não se ressente do mal. O amor não se alegra com a
injustiça, mas regozija-se com a verdade. Está sempre pronto para perdoar,
crer, esperar e suportar o que vier."
“Sempre terei saudade dela. Mas o nosso amor,
é como o vento, não posso ver, mas posso sentir”.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
I'll give it to you
"...All the time that I gave away
I'll give it to you
All the love that I never made
I'll make it to you, yeah..."
"ELE anda cansado das baladas e dos casos
furtivos sem sentimentos. Aprendeu a gostar da própria companhia, sem precisar
estar em uma turma de amigos todos os sábados. Decidiu que quer um amor
verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que traga um sabor doce às suas
manhãs, que seja a melhor companhia para olhar a lua. Que ele possa exibir os
seus dons na cozinha e o seu conhecimento em vinhos, só para ela.
Quer uma mulher que ele reconheça pelo cheiro
dos cabelos, pelo toque dos dedos, pela gargalhada que vai ecoar pela casa
transformando um domingo sem graça, no melhor dia da semana. Quer viver uma
paixão tranqüila e turbulenta de desejos… quer ter para quem voltar depois de
estar com os amigos, sem precisar ficar “caçando” companhias vazias e encontros
efêmeros. Quer deitar no tapete da sala e ficar observando enquanto ela, de
short jeans, camiseta e um rabo de cavalo, lê um livro no sofá, quer deitar na
cama desejando que ela saia do banho com uma lingerie de tirar o fôlego.
Quer brincar de guerra de travesseiros, até
que o perdedor vá até a cozinha pegar água. Quer o poder que nenhum dos seus
super heróis da infância tiveram… o poder de amar sem medo, sem perigo e sem ir
embora no dia seguinte.
Quer provar que pode fazer essa mulher feliz!
ELA quase deixou de acreditar que seria
possível ter vontade de se envolver novamente. Foram tantas dores, finais,
recomeços e frustrações que pensou em seguir sozinha para não mais se machucar.
Então percebeu que a vida de solteira já não está fazendo tanto sentido. Decidiu
que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que possa acordá-la
com um abraço que fará o seu dia feliz, quer um homem que ela possa cuidar e
amar sem receios de que está sendo enganada. Quer a alegria dos finais de
semana juntinhos, as expectativas dos planos construídos, o grito de “gol”
estremecendo a casa quando o time dele estiver ganhando… a cumplicidade em
dividir os segredos.
Quer observá-lo sem camisa, lendo o jornal na
varanda… quer reclamar da bagunça no banheiro, rindo e gritando quando ele
revidar puxando-a para o chuveiro, completamente vestida.
Quer a certeza de abrir a porta de casa e
saber que mesmo ele não estando, chegará a qualquer momento trazendo o
brigadeiro da doceria que ela gosta tanto. Quer beijar, cheirar, morder,
beliscar e apertar para ter certeza que a felicidade está ali mesmo…
materializada nele.
Quer provar que pode fazer esse homem feliz!
ELES estão por aí… sonhando um com o outro…
talvez ainda nem se conheçam… mas é só uma questão de tempo, até o destino unir
essas vidas que se complementam e estão ávidas para amar e fazer o outro feliz. Ou alguém duvida que o universo traz aquilo
que desejamos?"
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Anjos de uma asa só
Existe uma história de simplicidade linda, que eu gostaria de contar.
Um lenda, um acalanto .......
Não sei se é verdade... e não importo-me com isso.
Não precisa ser.....
Foi há muito tempo atrás...depois do mundo ser criado
e da vida completá-lo.
Num dia, numa tarde de céu azul e calor ameno.
Um encontro entre Deus e um de seus incontáveis anjos.
Acredita?
Deus estava sentado, calado. Sob a sombra de um pé de jabuticaba.
Lentamente sem pecado, Deus erguia suas mãos
então colhia uma ou outra fruta.
Saboreava sua criação negra e adocicada.
Fechava os olhos e pensava.
Permitia-se um sorriso piedoso.
Mantinha seu olhar complacente.
Foi então que das nuvens um de seus muitos arcanjos
desceu e veio em sua direção.
Já ouviu a voz de um anjo?
É como o canto de mil baleias.
É como o pranto de todas as crianças do mundo.
É como o sussurro da brisa.
Ele tinha asas lindas....brancas, imaculadas.
Ajoelhou-se aos pés de Deus e falou.
"Senhor... visitei sua criação como pediu.
Fui a todos os cantos.
Estive no sul, no norte.
No leste e oeste.
Vi e fiz parte de todas as coisas.
Observei cada uma de suas crianças humanas.
E por ter visto vim até o Senhor....para tentar entender.
Por que? Por que cada uma das pessoas sobre a terra
tem apenas uma asa?
Nós anjos temos duas...
podemos ir até o amor que o Senhor representa
sempre que desejarmos.
Podemos voar para a liberdade sempre que quisermos.
Mas os humanos com sua única asa não podem voar.
Não podem voar com apenas uma asa..."
Deus na brandura dos gestos, respondeu pacientemente ao seu anjo.
"Sim...eu sei disso. Sei que fiz os humanos com apenas uma asa..."
Intrigado, com a consciência absoluta de seu Senhor o anjo queria
entender e perguntou.
"Mas por que o Senhor deu aos homens apenas uma asa quando são
necessárias duas asas para poder-se voar....para poder-se ser livre?"
Conhecedor que era de todas as respostas Deus
não teve pressa para falar.
Comeu outra jabuticaba, obscura e suave.
Então respondeu...
"Eles podem voar sim meu anjo.
Dei aos humanos apenas uma asa para que eles
pudessem voar mais e melhor
que Eu ou vocês meus arcanjos....
Para voar, meu amigo, você precisa de suas duas asas...
Embora livre, sempre estará sozinho.
Talvez da mesma maneira que Eu....
Mas os humanos....os humanos com sua única asa
precisarão sempre dar as mãos para alguém
a fim de terem suas duas asas.
Cada um deles tem na verdade
um par de asas....
uma outra asa em algum lugar do mundo que completa o par.
Assim eles aprenderão a respeitarem-se pois
ao quebrar a única asa de outra pessoa podem
estar acabando com as suas próprias chances de voar.
Assim meu anjo, eles aprenderão a amar
verdadeiramente outra pessoa...
aprenderam que somente permitindo-se amar eles poderão voar.
Tocando a mão de outra pessoa em um abraço
correto e afetuoso eles
poderão encontrar a asa que lhes falta..
.e poderão finalmente voar.
Somente através do amor irão chegar até onde estou...
assim como você meu anjo.
E eles nunca....nunca estarão sozinhos quando forem voar."
Deus silenciou em seu sorriso.
O anjo compreendeu o que não precisava ser dito.
E assim sendo, no fim desse conto,
Um lenda, um acalanto .......
Não sei se é verdade... e não importo-me com isso.
Não precisa ser.....
Foi há muito tempo atrás...depois do mundo ser criado
e da vida completá-lo.
Num dia, numa tarde de céu azul e calor ameno.
Um encontro entre Deus e um de seus incontáveis anjos.
Acredita?
Deus estava sentado, calado. Sob a sombra de um pé de jabuticaba.
Lentamente sem pecado, Deus erguia suas mãos
então colhia uma ou outra fruta.
Saboreava sua criação negra e adocicada.
Fechava os olhos e pensava.
Permitia-se um sorriso piedoso.
Mantinha seu olhar complacente.
Foi então que das nuvens um de seus muitos arcanjos
desceu e veio em sua direção.
Já ouviu a voz de um anjo?
É como o canto de mil baleias.
É como o pranto de todas as crianças do mundo.
É como o sussurro da brisa.
Ele tinha asas lindas....brancas, imaculadas.
Ajoelhou-se aos pés de Deus e falou.
"Senhor... visitei sua criação como pediu.
Fui a todos os cantos.
Estive no sul, no norte.
No leste e oeste.
Vi e fiz parte de todas as coisas.
Observei cada uma de suas crianças humanas.
E por ter visto vim até o Senhor....para tentar entender.
Por que? Por que cada uma das pessoas sobre a terra
tem apenas uma asa?
Nós anjos temos duas...
podemos ir até o amor que o Senhor representa
sempre que desejarmos.
Podemos voar para a liberdade sempre que quisermos.
Mas os humanos com sua única asa não podem voar.
Não podem voar com apenas uma asa..."
Deus na brandura dos gestos, respondeu pacientemente ao seu anjo.
"Sim...eu sei disso. Sei que fiz os humanos com apenas uma asa..."
Intrigado, com a consciência absoluta de seu Senhor o anjo queria
entender e perguntou.
"Mas por que o Senhor deu aos homens apenas uma asa quando são
necessárias duas asas para poder-se voar....para poder-se ser livre?"
Conhecedor que era de todas as respostas Deus
não teve pressa para falar.
Comeu outra jabuticaba, obscura e suave.
Então respondeu...
"Eles podem voar sim meu anjo.
Dei aos humanos apenas uma asa para que eles
pudessem voar mais e melhor
que Eu ou vocês meus arcanjos....
Para voar, meu amigo, você precisa de suas duas asas...
Embora livre, sempre estará sozinho.
Talvez da mesma maneira que Eu....
Mas os humanos....os humanos com sua única asa
precisarão sempre dar as mãos para alguém
a fim de terem suas duas asas.
Cada um deles tem na verdade
um par de asas....
uma outra asa em algum lugar do mundo que completa o par.
Assim eles aprenderão a respeitarem-se pois
ao quebrar a única asa de outra pessoa podem
estar acabando com as suas próprias chances de voar.
Assim meu anjo, eles aprenderão a amar
verdadeiramente outra pessoa...
aprenderam que somente permitindo-se amar eles poderão voar.
Tocando a mão de outra pessoa em um abraço
correto e afetuoso eles
poderão encontrar a asa que lhes falta..
.e poderão finalmente voar.
Somente através do amor irão chegar até onde estou...
assim como você meu anjo.
E eles nunca....nunca estarão sozinhos quando forem voar."
Deus silenciou em seu sorriso.
O anjo compreendeu o que não precisava ser dito.
E assim sendo, no fim desse conto,
espero que um dia você encontre a sua outra asa.
Para finalmente poder voar.
Para finalmente poder voar.
Chuvarada
"Alguns sentem vida, sentem beleza, sentem amor, com doses de conta-gotas. Eu, não: é uma chuvarada dentro de mim".
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Eu, caçador de mim
Não sei porque há sentimentos que não saem de dentro de mim. Eu insisto em expulsá-los e eles insistem em ficarem impregnados, e, quando saem, são especialistas em deixarem suas marcas. Eu queria apenas pensar no bem, desejar o bem... Eu queria apenas esquecer qualquer mágoa ou qualquer coisa que me faça mal... Eu queria simplesmente deixar os outros livres dos meus pensamentos e dos meus questionamentos do quanto de sinceridade há em suas atitudes, independente de acreditar que eles possam conhecer o real significado desta palavra... Eu não queria ter sido o teste, o aprendizado, a cobaia para a felicidade futura, ainda que isso possa ter me ajudado a compreender várias coisas da vida. Mas, eu não sou nada mais que eu mesma, não tenho e nunca poderia ter o poder de julgar, pois acho que seria imparcial demais. Ainda bem que Deus não delegou essa função aos meros mortais, a começar por mim. Assim, sigo tentando ser melhor, menos crítica, menos imparcial, menos preocupada com o passado e mais disposta a cuidar do MEU futuro.
Adeus àquelas memórias de amor
Hoje estou desatando da memória
as imagens de amor.
As minhas, as nossas imagens de
amor, porque as coisas são como são: no momento em que escrevo e no momento em
que você lê, abrimos esses arquivos de imagens geradas a partir do amor, que
são
- vamos admiti-lo antes que seja
tarde,
- os nossos arquivos prediletos.
Tudo o que realmente nos
interessa está arquivado ali.
Na câmara escura das nossas
recordações.
Imagens que vamos recolhendo vida
afora.
Elas têm nome e uma história para
contar, cada uma delas.
E nostalgia.
Nada mais é do que a saudade da
emoção vivida, num determinado momento que passou veloz.
Emoções e emoções e ainda tanta
emoção a ser vivida!
Muito além dos indivíduos, além
das particularidades.
E todas essas químicas se
processando no nosso corpo, pois há quem diga que amor nada mais é do que uma
sensação provocada, para evitar a loucura da espécie e perpetuar o predador.
Uma ilusão passageira, uma
descarga de substâncias certas no sistema.
Lubrificação.
Cuidados com a máquina.
Seja lá o que for, andei tomando
resoluções práticas para a existência.
Porque nunca mais nesta vida
quero ter saudade de beijo.
Nunca mais a nostalgia daquele
mundo de línguas dançando balé no céu das nossas bocas.
Nunca mais!
E juro que nunca mais nesta vida
quero tentar entender o amor.
Quero deixar que ele passe por
mim, como um pé de vento que sopra folhas e poeira num arranjo aprumado.
Eu fico ali, no meio do
redemoinho, só achando tudo muito bom.
Depois, o amor se vai e a gente
continua a tocar a existência.
Assim é que deve ser.
Nunca mais nesta vida quero gente
se indo. Já está de bom tamanho.
Coração da gente vai absorvendo
os golpes: que são muitos e de todos os lados, sempre.
Com quase todo mundo é assim.
De repente, as pessoas começam a
ir embora, por morte matada e morrida, por desamor, por tristeza, por
ansiedade, por medos diversos, seu coração vai recebendo as pancadas e uma hora
dá vontade de dar um berro, sair vomitando as mágoas todas que a gente foi
engolindo.
Nunca mais gente partindo sem
motivo aparente, sem dar nome aos bois ou uma denúncia vazia.
Nesta vida, nunca mais!
E nunca mais, nesta breve
passagem, a palavra não dita, o gesto parado no ar, dissolvido antes do afago.
Nunca mais a dose nossa de orgulho besta, a solidão das noites perdidas por
amor desenganado, o coração parado, à espreita.
Isso, não. Quanto mais o tempo
passa, mais a urgência da felicidade ilusória e da química do bem-estar, essas
coisas todas que se operam em nossos íntimos.
Nunca mais.
Nunca mais um dia atirado ao
nada, nunca mais o verbo que não se completa, todas as palavras que não foram ditas
- verdades -, todas elas, uma após a outra, formando frases, pensamentos,
sentimentos, amor costurando o texto, que é linha que não refuga de jeito
nenhum.
Nunca mais!
O coração se magoando todo o dia,
a gente engolindo sapos e lagartos e se esquecendo de que é capaz de mudar cada
uma das histórias, reescrever o livro das nossas vidas.
Uma hora mais cedo e a cena teria
sido outra ou o que teria acontecido se você não tivesse ido àquele lugar,
àquela noite, o universo conspirava contra nós, ou a nosso favor?
Quem é que vai nos explicar?
Ninguém. Ou alguém.
Miguel Falabela
A sua verdade
“Tão jovem, ansioso, interessante e interessado. Era por ser tão
destituído de cinismo que eu gostava tanto dele.“
Melancia – Marian Keyes
destituído de cinismo que eu gostava tanto dele.“
Melancia – Marian Keyes
É por isso que eu me impressiono quando olho para ele. Eu vejo um espelho, eu me vejo, eu sinto que tudo é verdadeiro. Um olhar me mostra tantas possibilidades e caminhos que até me perco em meus pensamentos. Eu vejo nosso futuro, vejo os nossos sonhos estampados em cores fortes, vivas e com contornos de realidade. Eu sinto paz, tal qual a paz de estar sob árvores quando a brisa toca a face e o perfume se espalha no ambiente. Eu tenho vontade de correr para os seus braços e te dizer coisas de amor.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Terceira pessoa do plural
Com você eu aprendi a pensar sempre e em todos os momentos em "Nós". O eu vou, eu quero, eu consigo, sei, ficou muito pequeno diante do nós vamos, nós queremos, nós conseguimos, nós sabemos... A minha vida é muito pequena apenas com o "eu", e, agora, eu preciso eternamente de equação eu + você = nós.
Sobre o amor
Por mais que o poder e o dinheiro tenham
conquistado uma ótima posição no ranking das virtudes, o amor ainda lidera com
folga. Tudo o que todos querem é amar. Encontrar alguém que faça bater forte o
coração e justifique loucuras. Que nos faça entrar em transe, cair de quatro,
babar na gravata. Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar
dentro de um ônibus lotado. Tem algum médico aí? Depois que acaba esta paixão
retumbante, sobra o que? O amor. Mas não o amor mistificado, que muitos julgam
ter o poder de fazer levitar.
O que sobra é o amor que todos conhecemos, o
sentimento que temos por mãe, pai, irmão, filho. É tudo o mesmo amor, só que
entre amantes existe sexo. Não existem vários tipos de amor, assim como não
existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O amor
é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge
ou a Deus.
A diferença é que, como entre marido e mulher
não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta. Por não haver
nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos
fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia
ser eterna.
Casaram. Te amo prá lá, te amo prá cá. Lindo, mas
insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações
românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver
muito mais do que amor, e às vezes nem necessita de um amor tão intenso. É
preciso que haja, antes de mais nada, respeito.
Agressões zero. Disposição para ouvir
argumentos alheios. Alguma paciência. Amor, só, não basta. Não pode haver
competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar
regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor para
enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber
levar. Amar, só, é pouco. Tem que haver inteligência. Um cérebro programado
para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas
pra pagar.
Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar. Entre casais que se unem visando a longevidade do matrimônio tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo pra cada um. Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão. E que amar, "solamente", não basta.
Entre homens e mulheres que acham que o amor é
só poesia, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que
saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá
conta do recado. O amor é grande, mas não é dois. É preciso convocar uma turma
de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência.
O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não
se basta.
Um bom Amor aos que já têm!
Um bom encontro aos que procuram!
Artur da Távola
Artur da Távola
sábado, 15 de outubro de 2011
Ela e ele
"Ela: Se eu ficar feia?
Ele: Eu fico míope.
Ela: Se eu ficar triste?
Ele: Eu viro um palhaço.
Ela: Se eu ficar gorda?
Ele: Eu quebro o espelho.
Ela: Se eu ficar velha?
Ele: Eu fico velho junto.
Ela: Se eu ficar rouca?
Ele: Eu fico surdo.
Ela: Se eu ficar chata?
Ele: Eu te faço cócegas".
Para viver um grande amor,
preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para
viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister
é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... - não
tem nenhum valor.
Para viver um grande amor,
primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro- seja lá
como for. Há que fazer de corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e
postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos
digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos
quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com
quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado
para chatear o grande amor.
Para viver um grande amor, na
realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem
fidelidade - para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é
desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só
amor.
Para viver um grande amor, il
faut, além de ser fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô - para
viver um grande amor.
Para viver um grande amor
perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito -
peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira
namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista
um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para
aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor,
é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a
favor...
Conta ponto saber fazer
coisinhas: ovos mexidos, camarões , sopinhas, molhos, estrogonofes - comidinhas
para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com
amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é
muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só
defunto - para não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o
corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada
sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e
conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um
grande amor.
É preciso saber tomar uísque (
com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que
não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada,
se nesta selva obscura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para
viver um grande amor.
Vinicius de Moraes
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