Dual, sou assim. Misturo
meus anjos ao lado obscuro, vou fundo e me retraio. Tenho meus mistérios e
saio, sempre sem deixar pistas... mas volto sempre se me interessar muito. Não
gosto de nada pela metade, nem a minha laranja. Ou vem inteira ou não vem.
Amor só conheço o intenso,
amei uma vez e fui muito amada, me enganei outra e continuo apostando. Nada de
coração embalado à vácuo sem contato manual. Que peguem, amassem, acariciem,
pisem em cima. Quero mais é me sentir viva, ainda que seja pela dor.
Prefiro me arrebentar toda,
a sair ilesa, só não deixo de me atirar, nem mesmo agora que aprendi um pouco
mais sobre a crueldade humana.
Tenho poucos e bons amigos.
muitos conhecidos e outros tantos que nem conheço, mas sabem de mim. Minha
fidelidade aos amigos é canina, aos namorados até que provem o contrário.
Namorados são descartáveis, amigos não.
Sou sensível e emotiva,
choro com alguma facilidade, mas quase sempre sozinha. Tenho dias de
verborragia intensa e dependendo do motivo arraso ou amo com a intensidade das
palavras. No entanto prefiro atitudes. Palavras o vento leva e a memória apaga.
Gosto de me sentir "pertencida", mas não dominada ou forçada a isso.
Gosto de ser livre, mas ter alguém nos pensamentos e sempre para onde voltar.
Gosto de estar só algumas
vezes, sinto necessidade, não sou carente profissional. Tenho meu lado sombrio
e outro tanto mais claro. Do lado sombrio poucos conhecem, outros intuem, mas
todos respeitam.
Desconfio de pessoas que se dizem
loucas de paixão, mas nunca ficaram horas debaixo de chuva esperando alguém,
nem ligaram de madrugada para confessar os sonhos que a insônia traz ou deram o
último biscoito recheado do pacote ou ligaram tantas e quantas vezes tiveram o
telefone desligado na cara. Desconfio da sofreguidão mansa e do desespero
calculado, de olhos secos ou lágrimas forçadas. Dissimulação essa mentira
estudada.
O humor inteligente me ganha
sempre, o bobo me afasta, o afetado nem conheço. Gosto de gente transparente,
aberta, leve, verdadeira que me suaviza o necessário para não querer ir embora,
que fala com os olhos, age com a boca e me leva pelas mãos a qualquer lugar
onde eu já queria estar.
Andrea Augusto
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