Estou te amando. Agora. Enquanto você me olha
como há meses não olhava. Estou te amando ferozmente e com todas as minhas
forças. Por esse tempo em que nossas pernas se encostam sob a mesa, eu te amo.
E sou tua.
Enquanto nossos olhares se cruzam entre um
lance e outro do jogo. Enquanto você nunca deixa meu copo de whisky ficar
vazio. Enquanto você dá um jeito de tocar meu cabelo e meu rosto num quase sem
querer, nossa, como eu te amo!
Te amo nessa noite. Por esse acaso de nos
encontrarmos justo aqui. Por isso de você estar sozinho e eu também e
decidirmos nos fazer companhias e torturas. Te amo porque seu perfume ainda é o
mesmo e porque você me abraçou do mesmo jeito.
Amo loucamente cada gesto, cada palavra, as
confissões tão cúmplices, o saber-se igual. Amo a necessidade que sinto de
fixar meus olhos nos teus e o prazer de te ver rindo pra mim. Amo tudo. E
tanto…
Amo agora como há muito não amava ninguém.
Porque você tem isso de despertar em mim esses de repentes todos. Porque foi de
repente que começamos e terminamos. Porque é de repente que eu às vezes morro
de saudade.
Eu te faria juras de amor eterno. Mas não. Eu
te amo agora. Mas nesse agora, eu te amo eternamente. E eu sei que você
acredita, porque também é assim com você e porque vai ser sempre.
Enquanto o acaso me fizer esbarrar em você
nesses contextos só nossos, eu vou ser tua e muito tua e só tua. Nessas noites
longas que amanhecem e, olha só, a gente nem percebeu. Nessa coisa que pega e
que eu não explico, mas que a gente entende.
E dá vontade de esticar esses hojes por
amanhãs e depois e depois. Mas apesar do whisky nos fazer quase acreditar que
seria possível, no fundo sabemos que é inviável. A vida andou. Pra você e pra
mim. E nos levou pra lados opostos. Rumos diferentes. Somos hoje reféns dessas
suspresas.
Bela surpresa. Depois da quinta saideira, não
podemos mais adiar o fim. Você me
acompanha até o carro e me abraça e me beija e se demora. E a gente se enrola
nesses carinhos porque é inevitável. E
já em casa eu adio o dormir pra guardar teu gosto. Evitando o amanhã.
Porque nosso dia seguinte é sempre um nunca mais.
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