Não importa quantos erros, descompassos,
projetos preteridos, corpos suados em nossa cama tenham acontecido. Não importa
se ele foi triste, monótomo ou irrealmente agitado. Não importa o montante de
dinheiro ganho e gasto inutilmente. Quando se ama alguém, inclusive a si mesmo,
e se aceita outra pessoa fazendo parte do seu cotidiano e escrevendo a quatro
mãos o diário imaginário da vida, aceita-se também a história pregressa, tudo o
que não presenciamos, de que temos ciúmes ou raiva. Tudo que é alheio a nós.
O passado, em cada ínfimo detalhe, é o
responsável por quem somos hoje--- e se existe amor nesse instante é porque
esse alguém trilhou por cada passo sórdido ou sem importância de sua biografia.
É porque esse alguém existe e já existia antes de entrar em sua vida. Antes de
você entrar na vida dela—-- e como é duro admitir, no alto Vôo de nosso
egocentrismo, que somos preteríveis, substituíveis. Que a primavera não vai
atrasar nem o céu desabar no momento do nosso distanciamento.
É difícil lidar com o passado de quem amamos
porque é então que enxergamos com crueza a relatividade de nossa importância,
notamos que o amor hoje dedicado a nós já pertenceu a outros.
O passado é sagrado e deve ser tratado com
respeito e com um distanciamento cordial para não cairmos no poço fundo da
nostalgia.
O passado é a única coisa que realmente nos
pertence.
Ailin Aleixo
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