É, não é fácil viver rodeado de gente. Parece
que virou moda dar palpite na vida do outro. Ei, vocês estão ficando? Quando
vão começar a namorar? Hum, estão namorando faz tempo, né? Quando sai o
casamento? Quando vem o bebê? Quando ele vai ter um irmãozinho?
Se você é mulher, é obrigada a ter marido,
emprego e filho. Se não trabalha é deitada. Se cuida da casa é Amélia. Se cuida
do filho não é valorizada. Se você é homem, precisa ter um bom emprego, ser bom
pai e bom de cama. Se não é bem sucedido as amigas da sua mulher vão te julgar.
Se não é bom pai depois vai ter que pagar a conta da terapia. Se não é bom de
cama vai ser assunto no happy hour com clericot.
Sobram faladores e falatórios. É
impressionante. Dia desses uma amiga disse que não queria ter filhos e ia fazer
mestrado. Ela é solteira, razoavelmente bonita. Não, não é encalhada. Não tem o
carro do ano, mas um Palio 2009. Mora de aluguel, a escova progressiva está
vencida e precisa perder dois números de calça. Tem uma boa cabeça, bebe
socialmente, lê Kant, ouve The Doors e sabe fazer escondidinho de camarão. Ela
não é uma lady, fala palavrão, não sabe passar roupa e tem uma violeta na
janela. Está juntando grana e fazendo planos de ir para a Austrália em 2013.
Sei que ela sente falta de um cara legal, mas ele ainda não apareceu. Enquanto
o bendito não aparece, ela toca a vida e se diverte. Acho bonito.
Tem mulher que acha que um marido é solução
pra tudo. Uma conhecida casou com um cara com grana, tem uma vida de madame e
acha que tudo está bem assim. E, na boa, tudo deve estar bem assim pra ela. Se
fosse pra mim não estaria, mas pra ela está. O que eu tenho a ver com isso?
Nada. Só acho que marido não é garantia de nada. A gente tem que ser feliz com
o que faz, o que sente e o que pensa. Só isso. Sozinha ou acompanhada.
Acho que todo mundo se completa com alguém.
Lógico que sim, sou uma romântica incurável. Qualquer pessoa é mais feliz
quando encontra (vem pra cá, Fábio Jr.) a metade da laranja. É melhor ter com
quem dividir um passeio, uma novela, uma cama, uma história.
Tem mulher que empaca esperando o
sapo/príncipe. Perda de tempo? Não sei, cada um tem uma filosofia de vida.
Sempre me deixei guiar por instinto e emoção e não sei se estou certa. Antes do
“cara certo”, apareceram muitos outros. Me enganei com muitos outros. Tem gente
que tem sorte, ora, ora, uma ex-colega da escola começou a namorar com 17,
casou, hoje tem 32, é advogada e tem dois filhos. Sortuda? Não. Algumas coisas
acontecem. Tenho uma amiga que foi casada por muito tempo, foi traída, separou
e hoje está sozinha. Ela não procura ninguém, mas não está aberta para novas
relações. Acho por ter sofrido muito acabou se fechando inconscientemente. Não
quer conhecer gente, mergulhou no trabalho e vive um dia de cada vez.
Perdedora? Não. Cada um tem um tempo. Nem toda ferida cura na mesma hora. O que
dá certo pra mim pode não dar pra você. E tudo bem, não estou certa e você
errado. Somos diferentes. Sentimos de forma diferente. Tivemos experiências
diferentes. Temos cicatrizes diferentes. E é isso que faz com que cada pessoa
seja única e especial.
Clarissa Corrêa
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