terça-feira, 15 de novembro de 2011

Cuidando das relações



Ouvi alguém dizer que havia completado cinquenta anos e que estava feliz por envelhecer. Perguntei o que tornava esse um momento feliz. A resposta foi simples: viveu mais que muitos amigos dele. Insisti mais um pouco para saber se tinha mais alguma razão que justificasse tamanha felicidade. Ele diz que está com saúde, tem trabalho e viveu mais que alguns amigos. Ficou claro para mim que o importante é ele estar bem. Também acho que isso é importante. Mas, e o resto do mundo? E as suas relações? Fui tomada por um desconfortável vazio. Definitivamente, esses não seriam meus critérios para definir um feliz envelhecer. Claro que é bom ter saúde, trabalho e uma vida longa. Mas, para que serve tudo isso se eu não tiver cuidado das minhas relações? O cuidar não apenas de si, mas também do outro e do nós. Acredito que a busca pelo tal "envelhecer feliz" deve incluir a busca pela integração das dimensões física, mental, espiritual e tantas outras mais que se considere importante para alcançar uma certa harmonia no viver. Não me imagino velha e feliz só porque tenho saúde, trabalho e sobrevivi mais que alguns. Deve ser bom também envelhecer acompanhada por alguns. Cuidando e sentindo-se cuidado por si e pelo outro. Deve ser bom dormir sem angústia pela culpa, ter a alma plena de gratidão pelo amor dado e recebido, ter alguém que segure sua mão na dor, que ria com você e de você, alguém que te faça bem. De que adianta ter saúde, trabalho e viver muito se você é um colecionador de desafetos, se não consegue ser grato pelo tempo que o outro dedicou a você, se não consegue perdoar, se não vê a beleza que é a vida de uma outra pessoa, esse outro ser, outro mundo, um outro universo? Quero envelhecer assim: tendo relações onde eu possa viver o meu melhor e o outro também. O resto vem como bônus.

Nane

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